/Golfo do México – lições a aprender
O vazamento de óleo no Golfo do México tem mobilizado professores e alunos da Coppe e levantado questões quanto à importância da prevenção e da contingência nas operações de perfuração de poços de petróleo em águas profundas. Não podemos ignorar a gravidade dos fatos. O momento é de aprendermos com as lições deste acidente.
Embora ainda não tenhamos detalhes sobre o que ocorreu, a descrição dos eventos que precederam o acidente e o consequente vazamento de óleo revelam que os mecanismos de prevenção para a segurança na operação falharam. É indiscutível que o blowout preventer (BOP), principal equipamento para segurança da operação, não atuou na emergência para o fechamento do poço.
As medidas empregadas para conter o vazamento de óleo no Golfo do México se revelaram improvisadas e ineficazes. A indústria do petróleo mostrou que não possui um procedimento devidamente testado para intervenções que interrompam vazamentos dessa magnitude em águas profundas.
Reafirmamos que o aumento da profundidade implica maiores riscos na operação. Isso é constatado por estudos da Coppe e respaldado por dados levantados em campo que constam de relatórios técnicos internacionais e que mostram a relação entre aumento da taxa de falha dos componentes do BOP e o aumento da profundidade de instalação. Esse indicativo reforça a necessidade de avaliarmos os níveis de confiabilidade dos BOPs em operação.
Os esforços da Petrobras com a segurança de suas operações e a competência do seu corpo técnico são reconhecidos pela nossa comunidade. A Coppe confia na capacidade da empresa em responder a essas questões que, embora complexas, poderão ter soluções viabilizadas em tempo hábil para não suscitar dúvidas quanto à segurança e proteção ambiental requeridas para a exploração em águas cada vez mais profundas. Mas não podemos subestimar os riscos e ignorar as lições desse acidente.
Consideramos que no Brasil os esforços exploratórios das reservas do pré-sal devam ter continuidade, mas entendemos também que a indústria do petróleo precisa avançar no aperfeiçoamento dos procedimentos de segurança. Sabemos que atuar na fronteira do conhecimento implica riscos e incertezas. Para avançar, no entanto, é necessário reconhecer a existência do problema e ter a abertura necessária para uma análise crítica. Esse é o primeiro passo.
*Diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe/UFRJ