/Novas tecnologias para reduzir poluição sonora
- Local: COPPE
- Data: 07/08/2006
As mais avançadas soluções para o controle de ruído e vibração que vêm sendo aplicadas no mundo na área de transportes foram apresentadas na COPPE, no último dia 7 de agosto, durante o 2º Workshop Carioca de Acústica Ambiental.
O evento contou com a presença de Christian Carme, Doutor em acústica pela Universidade de Aix-Marseille 2 e Presidente da empresa Technofirst. Christian foi o responsável pela tecnologia que viabilizou o funcionamento do primeiro equipamento headphone ativo para proteção auditiva individual, que dispõe de um sistema especial de emissão de ondas sonoras que anulam os ruídos gerados no ambiente. Este aparelho é muito usado em empresas aeronáuticas, indústrias metalúrgicas, plataformas de petróleo, entre outros.
O organizador do evento, professor Jules Slama, do Laboratório de Acústica da COPPE, apresentou alguns estudos que vem realizando em parceria com a Infraero para redução de ruídos em regiões aeroportuárias. O professor coordena o Grupo de Estudos em Ruído Aeroportuário, ligado ao Laboratório de Acústica e Vibrações (LAVI) da COPPE. Uma equipe formada por oito pesquisadores do LAVI está mapeando 65 aeroportos brasileiros administrados pela Infraero. A meta é reduzir em até 10 decibéis o índice de ruídos causado pelas aeronaves durante decolagem e aterrissagem. Nas cidades onde se localizam os grandes aeroportos esse índice pode chegar a 80 decibéis.
Legislação federal para controle de ruídos é anacrônica
Segundo Denise da Silva Sousa, pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (LIMA) da COPPE, o país precisa de uma Política Pública de Gestão de Poluição Sonora. Este é o tema de estudo da pesquisadora que também foi exposto no evento. “No Brasil, só existe uma legislação federal que tem como base a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 1990, e algumas leis isoladas, municipais e estaduais. A legislação federal precisa ser revista, uma vez que o problema do controle da poluição sonora causada pelo tráfego de veículos, por exemplo, não é abordado de forma específica”, alerta. Para a pesquisadora não há uma política que funcione de forma integrada, como já acontece na Comunidade Européia. “Lá estão fazendo mapeamentos estratégicos de ruído em todas as cidades com população acima de 250 mil habitantes, incluindo eixos rodoviários e ferroviários e também os grandes aeroportos. Além disso, ainda são previstos planos de ação para que os níveis máximos de ruídos não sejam ultrapassados”, afirma.
Para reformular sua legislação, segundo Denise, o Brasil tomou como base alguns limites de impactos estabelecidos na Europa. “Mas as características climáticas do Brasil são diferentes das dos
países de climas temperados. Em países tropicais, como o Brasil, a elevada temperatura e a umidade relativa do ar fazem com que a maior parte do tempo as janelas permaneçam abertas. Isso faz com que as pessoas sejam submetidas a maiores níveis de ruído. Caso tivéssemos uma gestão integrada no país, estas peculiaridades teriam que ser levadas em conta até mesmo pela construção civil”, conclui.
- Publicado em - 06/05/2014