/Livros

Avaliação do Ciclo de Vida de Produtos: uma introdução
- Autor: Cláudio Mahler e Saulo Barbara de Oliveira
- Páginas: 192
- Editora: Ciência Moderna
O professor Cláudio Mahler, do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ e o pesquisador colaborador Saulo Barbara de Oliveira, professor da UFRRJ, lançaram o livro Avaliação do Ciclo de Vida de Produtos: uma introdução. Editada pela Ciência Moderna. A obra mostra o impacto que um produto descartado causa ao meio ambiente e as formas de mitigá-lo.
Organizado em nove capítulos sequenciais, o livro apresenta o ciclo de vida de um produto, fase a fase, apontando os impactos ao meio ambiente. De forma didática, os autores revelam todas as etapas de um produto, da criação à decomposição, levando em conta os insumos utilizados. A obra também traz uma abordagem histórica, que inicia no século XVIII, a partir da Revolução Industrial.
O objetivo dos pesquisadores com a publicação deste livro é colaborar para a conscientização do problema e implantação de procedimentos que evitem danos ao meio ambiente e prejuízos à sociedade. Para isso, prepararam um material voltado para um público amplo: gestores públicos, estudantes e mesmo leigos interessados no tema.
O professor Cláudio Mahler alerta para a necessidade de mudança de hábito e de comportamento. “É preciso ter mais consciência ao fabricar, comprar e descartar um produto, levando em conta todas as interferências dessas ações no ambiente. Devemos usar o que a natureza nos oferece de forma sustentável. Alguns materiais precisam ser repensados, a exemplo do amianto, que é nocivo na extração, na fabricação, no uso, e necessita de descarte diferenciado”, adverte.
Segundo Saulo de Oliveira, os fabricantes têm que estar atentos à origem dos materiais utilizados e oferecer rótulos identificadores. De acordo com o pesquisador, o ideal é que eles tenham fornecedores certificados pelas normas ISO 9000. “Todo produto deveria passar por uma avaliação de potencial de reciclagem, por um estudo concreto de ciclo de vida”, defende Saulo Oliveira, que fez seu doutorado no programa de engenharia de produção da Coppe, sob orientação dos professores Rogério Valle e Cláudio Mahler.
Os autores ressaltam que todos precisam fazer a sua parte: fabricantes, órgãos governamentais e população. “O problema passa pela educação, infraestrutura das cidades e políticas ambientais. Não adianta ter coletores apropriados se a pessoa joga o resíduo em uma lixeira comum. Por outro lado, também não adianta a população descartar de forma correta e depois o lixo ser misturado nos caminhões de coleta”, critica Mahler.
Lei dos Resíduos Sólidos frustra expectativas
Cinco anos após a implantação da Lei dos Resíduos Sólidos, entre 2015 e 2016, Cláudio Mahler e o doutorando Gabriel Mendez, visitaram dez cidades do Rio de Janeiro para avaliar o sistema de coleta de lixo. Ficaram decepcionados ao comparar os resultados com o cenário encontrado pela aluna de doutorado Kátia Dantas em 2007, quando esta visitou as mesmas cidades e outras dez. Na época, a aluna pesquisava o tema para a tese que defenderia em seguida.
“Nós constatamos que seis cidades pioraram e quatro melhoraram um pouco, contrariando as expectativas. A lei dos Resíduos Sólidos foi mal redigida. Valorizou o aterro sanitário, que é a última medida a ser adotada, já que para os aterros deveriam ir apenas os resíduos do lixo inerte e não reciclável”, lamenta o professor da Coppe.
Segundo Mahler, como o resíduo pode permanecer nos aterros sanitários por um longo período, a consequência é a contaminação do solo. “Nos aterros sanitários há um custo indireto com os danos causados ao solo. O processo de descontaminação é caro, demorado e desconheço um solo totalmente recuperado. Fica muito mais barato não enviar material orgânico para lá”, adverte.
Mahler afirma que na cidade de São Paulo o sistema de coleta seletiva falhou porque apesar de separados os sacos de lixo tinham como destino o mesmo aterro e acabavam se deteriorando pela falta de empresas para fazer a reciclagem. “O ideal seria que o BNDES, por exemplo, investisse em um projeto para a criação de empresas de reciclagem para recuperar produtos complexos, como baterias”, sugere.
O professor explica que para organizar um sistema eficiente no Brasil as prefeituras brasileiras teriam que estar estruturadas para coletas mais diferenciadas, envolvendo oito tipos de lixeiras diferentes, com infraestrutura compatível, como na Europa. Ele defende como medida provisória a implantação de pelo menos duas lixeiras: uma para resíduo orgânico e outra para inorgânico. Mahler Defende a economia circular e a logística reversa como formas de solucionar o problema dos resíduos sólidos. “Enfim, há um longo caminho por percorrer e isso é importante”.
Sobre os autores
Cláudio Mahler é professor titular de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ e líder do Grupo de Estudos em Tratamento de Resíduos (Getres). Concluiu Mestrado e Doutorado em Geotecnia Clássica no Programa de Engenharia Civil da Coppe, respectivamente em 1974 e 1994. Pós-doutor pelo Instituto de Pesquisa de Sistemas Ambientais da Universidade de Osnabrück (Alemanha – 2001), livre docente pela Faculdade de Saúde Publica da USP (2007), já orientou diversos trabalhos sobre Avalição do Ciclo de Vida e publicou artigos sobre o tema em renomados periódicos internacionais. É pela 4ª vez Cientista do Nosso Estado, pela Faperj, e pesquisador 1 do CNPq.
Saulo Oliveira é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pós-doutor em Avaliação do Ciclo de Vida na área de Geotecnia em resíduos sólidos urbanos, pela Coppe (2017). Concluiu Mestrado em Administração na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1997, e Doutorado no Programa de Engenharia de Produção da Coppe, em 2004. Saulo tem experiência nas áreas de Tecnologia da Informação, Gestão de Projetos e Processos de Negócios, com livros e trabalhos publicados nessas áreas.
- Publicado em - 26/10/2018