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/Coppe debate 50 anos do Golpe Militar

As marcas deixadas pelo golpe militar de 1964 e pelo período de ditadura iniciado com ele não devem ser ignoradas ou esquecidas, mas lembradas com espírito crítico e servir de exemplo. Essa foi uma das reflexões do debate “O golpe de 1964 e a resistência: múltiplos olhares”, promovido pela Coppe/UFRJ, dia 10 de abril, em seu auditório no Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ. No evento, que reuniu cerca de 100 pessoas, foi aprovada por aclamação moção contra a ocupação militar com uso de mandado coletivo de busca e apreensão no Complexo da Maré, vizinho ao campus da Cidade Universitária.

 

Para cumprir a proposta do debate, que era avaliar os 50 anos da revolução sob diferentes olhares, Coppe reuniu pessoas que viveram de perto aquele momento da história. O encontro, mediado pelo professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe, contou com as participações do jornalista Cid Benjamin, que integrou o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8); de Ivan Pinheiro, um dos principais líderes sindicais dos anos 1970; do economista Ivan Soter, que era tenente do Exército em 64; do jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, um dos fundadores do jornal Opinião; e do ex-deputado federal constituinte, Vladimir Palmeira, dirigente estudantil nos anos 1960. Ao lado deles, como convidado, estava o diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ, Gabryel Henrici, aluno de graduação do Instituto de História da UFRJ.

 

As mudanças e o amadurecimento do movimento estudantil no período entre o golpe e o anúncio do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 1968, e a participação do movimento sindical foram alguns dos temas discutidos pelos convidados. A atuação dos órgãos de imprensa, a resistência, a luta armada, as diferentes visões existentes no Exército em 1964 e a retomada do movimento estudantil foram outros aspectos debatidos no encontro, que reuniu na plateia professores, funcionários técnico-administrativos, estudantes e o público em geral.

 

O debate foi realizado no auditório do Bloco G do Centro de Tecnologia, na mesma sala onde em 1964 foram realizadas as primeiras reuniões da Associação dos Docentes da UFRJ. “A universidade foi um dos focos de resistência ao regime implantado em 1964”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, lembrando que a Coppe também sofreu com os episódios de afastamento e demissões de professores durante a Ditadura.

 

Além de aprovar moção contra a ocupação com mandado coletivo de busca e apreensão na comunidade da Maré, a Coppe também apoiou o pedido apresentado na última reunião do Conselho Universitário, para a retirada do nome do ex-presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, do ginásio da Escola de Educação Física localizado na Cidade Universitária.

 

Ao fim do evento, o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, sugeriu que fosse fixada placa alusiva à realização do debate “O golpe de 1964 e a resistência: múltiplos olhares” no auditório, ao lado da placa que faz referência à visita do arquiteto Oscar Niemeyer. O debate foi realizado dentro do Ano da Memória e Verdade da UFRJ, que se estende de 1º de abril de 2014 a 31 de março de 2015. A criação do Ano da Memória e Verdade foi decidida dia 27 de março, em reunião do Conselho Universitário.

 

Leia na íntegra a moção contra ocupação militar com uso de mandado coletivo de busca e apreensão no Complexo da Maré.

  • Publicado em - 11/04/2014
  • Atualizado em - 14/04/2014