Lista de Notícias

/COPPE mapeia potencial da produção de biodiesel no Nordeste brasileiro

Estudo da COPPE traça mapa das áreas potenciais para implantação de pólos de produção de biodiesel na região Nordeste. Solicitado pelo Ministério de Minas e Energia, o estudo servirá de base para a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel do governo federal. Os pesquisadores da COPPE avaliaram 1.789 municípios da região do semi-árido nordestino, levando em conta competitividade e inclusão social. O projeto prevê até o final do ano geração de emprego direto para cerca de 600 famílias, proporcionando a cada uma delas renda anual de R$ 23 mil, e indireto em torno de 190 mil famílias. Em 10 anos, estima-se a geração de emprego, entre diretos e indiretos, para aproximadamente 4,8 milhões pessoas.

Para lidar com a complexidade de variáveis envolvidas, a equipe da COPPE concebeu um software inédito que avaliou localização e viabilidade técnica e econômica da produção de biodiesel a partir da mamona, possibilitando identificar as oportunidades de investimentos em função das características de cada município. O software considerou 23 fatores, definindo as zonas mais adequadas para três atividades essenciais: plantio, esmagamento de sementes e usinas de produção. Maior produtora de mamona do país, a região do Irecê, na Bahia, é apontada pela pesquisa como futuro centro mundial de fornecimento do chamado ‘petróleo verde’. como região propícia ao plantio de mamona. O estudo mostra ainda Fortaleza, Teresina, Recife e Natal como mais adequados a instalar usinas do biocombustível.

Segundo o coordenador do projeto, o professor do Programa de Engenharia de Produção da COPPE, Carlos Cosenza, esta é uma ferramenta valiosa para orientação de investimentos e projetos. “Foi criada toda uma metodologia de identificação de potencialidades do Nordeste. O estudo mostrou que é possível aliar planejamento regional a uma visão de mercado, capaz de amenizar os desequilíbrios do país’, avalia. O critério adotado para localizar as zonas produtivas levou em conta a atual infra-estrutura da região: rodovias, ferrovias, portos, rede elétrica, armazéns etc. ‘É preciso organizar com eficiência o espaço econômico. Um projeto mal localizado é um projeto liquidado’, explica.

O plano de metas do governo determina para este ano a introdução de 2% de biodiesel ao diesel mineral, atingindo a mistura de 5%, em 2010. A utilização da produção de apenas 5% das terras aptas para o plantio da mamona, com rendimento de 1,1 toneladas por hectare, é estimada em 3,9 milhões de toneladas por ano, o suficiente para atender a meta estabelecida pelo governo até 2010. O estudo leva em conta ainda a produção de outros produtos consorciados à mamona como feijão, o que aumentaria em 300 kg/ha.

Com meta similar de substituição de diesel, a Comunidade Européia é indicada pelo estudo como mercado promissor de escoamento do excedente que vier a ser produzido no Brasil. Segundo a Diretiva da Comunidade Européia, calcula-se que nos principais países produtores de biodiesel do continente – Alemanha, Itália, França, Grã-Bretanha, Espanha - exista um déficit de 5,85 mil toneladas do biodiesel. Maior produtor e consumidor mundial de biodiesel, a Alemanha possui uma rede de abastecimento de cerca de 1800 postos.

Sob a coordenação geral do Ministério de Minas e Energia, o estudo, que levou um ano e meio para ser concluído, contou com a parceria da EMBRAPA e financiamento da Petrobras BR.

  • Publicado em - 07/04/2005