Coppe UFRJ 50

/Freixo recebe propostas da Coppe e defende parceria público-público

O deputado estadual e candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), esteve na Coppe/UFRJ, na última quinta-feira, 13 de outubro. O candidato recebeu do diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, um documento com algumas contribuições e propostas de seus professores para a cidade sobre temas como mobilidade, recursos hídricos e saneamento, Baía de Guanabara e lagoas, tecnologia e saúde.

 

Após uma breve conversa com os diretores da instituição, Freixo embarcou no Maglev-Cobra, o trem de levitação magnética da Coppe, e participou de um encontro com professores, alunos e funcionários da universidade, no qual apresentou suas propostas para a cidade do Rio de Janeiro. A comunidade acadêmica lotou o auditório da Coppe para ouvir as propostas de Freixo, que esteve acompanhado de sua candidata a vice, Luciana Boiteux, professora da Faculdade de Direito da UFRJ. Freixo defendeu que a universidade e a prefeitura mantenham uma colaboração estreita em diversas áreas das políticas públicas e que essa parceria "público-público" se torne uma cooperação permanente.

 

"O que não falta é espaço para que a gente pense junto e busque solução para os problemas da cidade. Estamos aqui para firmarmos esse compromisso de governarmos juntos com quem produz conhecimento. Não é razoável que se tenha tanta produção de conhecimento e não se aproveite isso para a política pública. Já que está tão na moda a PPP, parceria público-privada, vamos fazer outra PPP, parceria público-público. Não demonizamos o capital privado, queremos estabelecer parceria com ele também. Mas acreditamos que o que é público tem qualidade e queremos estabelecer parcerias com a universidade", defendeu o deputado.

 

A professora Luciana ressaltou que a perspectiva de parceria público-público é uma forma de reafirmar o compromisso dos candidatos com a universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. "Ter uma professora da UFRJ na chapa não é um fato menor, é simbólico desse compromisso", reforçou a docente, que se disse "feliz por estar de volta aqui na minha casa".

 

Universidade pública, espaço de debates por vocação

 

O diretor de Relações Institucionais da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa, esclareceu que a instituição procurou ambos os candidatos, primeiro para um debate, e, após a negativa do candidato Marcelo Crivella, para uma visita e discussão de propostas com a comunidade acadêmica. "A universidade cumpre seu papel em recebê-los. É aqui que se discutem as ideias. Temos que ter espírito crítico. Vivemos um momento muito especial. Há uma série de atitudes muito negativas por parte do governo federal. Temos a obrigação de discutir esses assuntos. Nossos alunos têm de ser competentes em suas áreas de formação, mas têm também de ser conscientes de seu papel na sociedade", explicou Pinguelli.

 

"Estamos em um momento da campanha no qual não apenas debatemos as questões locais, mas nos posicionamos contra a privação de direitos, sobretudo contra a PEC 241, vai afetar muito o serviço público" - aludiu Luciana, que defendeu o papel da universidade na realização de debates - "É a política que vai permitir transformar a sociedade por meio da superação das desigualdades. A universidade tem esse papel e é essencial a sua resistência contra a retirada de direitos".

 

Foco nas políticas sociais

 

Freixo abordou temas como mobilidade urbana, saúde e ciência, mas concentrou-se em discutir um modelo de cidade que enfrente o desafio da segurança pública pelo prisma das políticas de assistência social. "Precisamos mapear a violência, ela precisa ser entendida pelos seus territórios. A violência que existe na Maré não é a mesma que há no Leblon, que não é a mesma de Honório Gurgel. Ter esse mapa facilita a ação preventiva para uma ação social contundente, as informações de segurança pública têm que casar com a malha de informações da saúde, da educação, da assistência social", explicou o candidato.

 

Luciana Boiteux complementou a fala de Freixo, usando o enfrentamento ao vício em crack, como uma questão de saúde pública e política social, fugindo ao paradigma repressivo que tem norteado a ação, tanto das autoridades municipais como estaduais. "Crack não é questão de segurança, é consequência da falha do Estado em prover políticas sociais que deveriam prevenir o contato com determinada substância. Usuários de crack são sujeitos de direito e têm direito de receber políticas sociais. É papel do município encarar esse desafio de maneira democrática. Toda perspectiva de ação no território vai trabalhar com assistência social", enfatizou a candidata a vice-prefeita.

 

O deputado estadual qualificou o Rio de Janeiro como sendo uma das cidades mais desiguais do mundo, o que a torna muito violenta. Em sua visão, a melhor maneira de enfrentar essa violência é prevenindo a eclosão da mesma. "Vamos disputar a vida desses jovens. Há um genocídio de jovens, negros e pobres, que nem sabem o que é uma cidade universitária e onde fica. Discutir uma política de segurança pública é dar sentido à vida de quem a gente está perdendo hoje. Isso é essencial. O Rio de Janeiro sofre com um projeto de cidade que termina no túnel Rebouças, uma cidade-balneário colonizadora. É preciso quebrar essa lógica e para isso o debate sobre segurança pública é central", criticou.

 

A diretoria da Coppe convidou, verbalmente e por escrito, os dois candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo, para um debate na instituição. O candidato Marcelo Crivella, por meio de seu porta-voz, declinou do debate com o seu adversário. Mas disse que aceitaria fazer, individualmente, uma visita à instituição e apresentar suas propostas. No intuito de não perder a oportunidade de discutir temas relevantes para a cidade do Rio de Janeiro, muitos dos quais são objeto de estudo de seus professores e alunos, a Coppe convidou ambos os candidatos para visitar a instituição, em dias distintos, apresentar suas propostas e conversar com a comunidade Coppe.