/Professor Perlingeiro é homenageado no Colóquio de Engenharia Química
O Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ homenageou nesta quinta-feira, 10 de novembro, o professor Carlos Augusto Perlingeiro, falecido em outubro deste ano, que teve uma importante contribuição no período de fundação e história da instituição. A solenidade foi realizada durante o XVII Colóquio Anual de Engenharia Química, ocorrido de 8 a 10/11.
Durante o evento, a professora Maria Antonieta Gimenes Couto, da Escola de Química, leu um texto biográfico escrito por sua filha, Isadora Gimenes Couto, quando esta era aluna do Colégio de Aplicação da UFRJ. O relato lido por Maria Antonieta apresentou, sobretudo aos mais jovens presentes no auditório da Coppe, a história deste docente, que na opinião de seus colegas, se confunde com a do PEQ, o programa que deu origem a Coppe.
O diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, professor Fernando Rochinha, entregou uma placa em homenagem ao docente ao seu filho, André Perlingeiro. Segundo Rochinha, o homenageado era o que se poderia chamar de um "homem-Coppe". "Vou recorrer a um clichê, mas a história de Perlingeiro se confunde com a da instituição. Ao mesmo tempo, ele se dedicava à Escola de Química, e isso não era uma ambiguidade, porque ele era um homem singular".
Sobre o homenageado
Filho de oficial do Exército e de uma dona de casa, nascido em Castro, no estado do Paraná, Carlos Augusto Perlingeiro renunciou a um cargo na Petrobras para ingressar na primeira turma de mestrado em Engenharia Química da UFRJ, na Praia Vermelha. Sob a liderança do professor Alberto Luiz Coimbra, a lendária turma de 1963 formou os primeiros mestres em Engenharia Química do país e deu origem a Coppe.
Conviveu de perto com o professor Coimbra, fundador da Coppe e seu orientador no mestrado. Com uma bolsa de iniciação científica, tornou-se seu assistente e assumiu uma mesa no mesmo gabinete de seu professor. "Viu a Coppe nascer do útero", relatou Maria Antonieta, referindo-se às origens da Coppe, iniciada por Coimbra, em uma sala cedida pelo então diretor do Instituto de Química da UFRJ (à época ainda chamada Universidade do Brasil), professor Athos da Silveira Ramos, no campus da Praia Vermelha.
Ainda como aluno, trouxe importantes contribuições para a universidade, como seu pioneirismo no estudo e no ensino da computação. Em 1963, quando só havia três computadores no Rio de Janeiro, Perlingeiro, estimulado por Coimbra, direcionou seus estudos para a computação aplicada à Engenharia. "Fez curso de programação na Universidade de Houston, nos EUA. Ao retornar, sugeriu que fosse incluída como matéria obrigatória no curso de engenharia química. Com isso, a UFRJ foi pioneira em ter matéria de computação em seu conteúdo didático, e ele foi o primeiro professor de computação da universidade", relembrou a professora.
Na época, não havia material didático em português. Por isso, Perlingeiro escreveu uma apostila em dois volumes, "Comunicação com os computadores digitais". Sua dissertação de mestrado foi a primeira na Coppe a utilizar computador. Ingressou como docente na Coppe em 1964. Em 1968, foi também o primeiro do grupo inicial de alunos a concluir o doutorado, nos EUA. No ano seguinte, assumiu a coordenação do mestrado em Engenharia Química da Coppe, na qual permaneceu até 1973. Nesse ano, com a saída de Coimbra, ele se tornou vice-diretor da Coppe e auxiliou o professor Sidney Santos a manter vivos os ideais que motivaram a criação da instituição.
Fez seu doutorado nos Estados Unidos, teve dois filhos, e retornou à Coppe, onde teve participação decisiva em sua institucionalização, e mais tarde assumiu a coordenação do PEQ. Pioneiro no estabelecimento da Engenharia de Processos no curso de Engenharia Química, Perlingeiro é autor do primeiro livro em português desta disciplina que ele introduziu na graduação em Engenharia Química, como lembrou o professor Eduardo Mach, da Escola de Química. "O livro ainda é uma referência no Brasil", destacou Mach.
O professor também construiu uma trajetória na Escola de Química. Foi seu diretor, por duas vezes, de 1971 a 1974, e de 1998 a 2001. Indicado pela EQ, recebeu o título de Professor Emérito da UFRJ, em 1997, e em 1999, tornou-se Professor Colaborador desta Escola.
"Um brasileiro que viveu a História e contribuiu decisivamente para o desenvolvimento de nosso país, mostrando que é possível acreditar nas mudanças desde que sejamos proativos para que elas aconteçam", sintetizou a professora Maria Antonieta Gimenes.
Saiba mais sobre a vida e a trajetória acadêmica do professor Carlos Augusto Perlingeiro, na seção Perfil do Planeta Coppe
Confira, no Youtube, o depoimento do professor Perlingeiro sobre a sua trajetória e o encontro com o fundador da Coppe, Alberto Luiz Coimbra.
- Publicado em - 14/11/2017