/Sistema de alerta combaterá incêndios no Parque da Tijuca
Foi inaugurado no dia 30 de janeiro, no Centro Cultural da Light, um sistema de alerta para monitorar riscos de incêndio na Floresta da Tijuca. Inédito no país, o sistema desenvolvido por pesquisadores da COPPE e do Departamento de Meteorologia da UFRJ possui duas plataformas de coleta de dados que controlarão, em tempo real, as condições de riscos de incêndio na região. A tecnologia também permitirá prever o grau de risco de queimada com 48 horas de antecedência e estimar sua extensão, informando previamente de que forma e em que direção o fogo tende a se propagar na região. Para se ter uma idéia, dados do Corpo de Bombeiros mostram que nos últimos 10 anos o estado do Rio de Janeiro perdeu 2% de Mata Atlântica em decorrência de queimadas.
Financiado pelo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Light, o sistema de monitoramento poderá servir de modelo para outros Parques Nacionais do país. Além dos órgãos competentes, o público em geral também poderá acompanhar o monitoramento cujos dados serão disponibilizados no site: www.lamma.ufrj.br/queimadas. Estiveram presentes na inauguração o diretor adjunto da COPPE, Luiz Landau, o coordenador do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Light, José Tenório Barretos Jr., o presidente do Instituto Estadual de Florestas, Maurício Lobo Abreu, o diretor do Parque Nacional da Tijuca, Celso Santos.
O projeto foi coordenado pelos professores Luiz Landau, do Programa de Engenharia civil da COPPE, e Gutemberg Borges França, do Departamento de Meteorologia da UFRJ. Parte dos estudos foram objeto da tese de doutorado da engenheira Vânia Resende Carapiá, que será defendida na COPPE até o final deste ano. Segundo Gutemberg, o que mais o estimulou neste trabalho foi ter a chance de desenvolver uma tecnologia cuja finalidade é preservar a maior floresta urbana do mundo.
Como funciona o sistema
A capacidade de representar, em tempo real, a situação dos diferentes ecossistemas da floresta da Tijuca é uma das grandes vantagens desse sistema de monitoramento que processa um grande número de dados, integrando informações como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, regime de chuvas, pressão atmosférica, temperatura e umidade da vegetação. Coletados através de sensores instalados nas plataformas das torres de transmissão da Light, localizadas no Horto Florestal e no Sumaré, os dados são enviados para o satélite brasileiro e transmitidos à UFRJ. Com base nas informações processadas, os pesquisadores analisam e estimam o índice de queimada, ou seja, o risco de incêndio.
Como o comportamento do incêndio em florestas é irregular, as informações sobre os fatores ambientais são importantes para estimar o potencial de incêndio na área. “Se, por exemplo, estivermos num período seco e os sensores registrarem velocidade alta do vento, que é de difícil previsão dado a variação de intensidade e direção, certamente lançaremos o alerta por concluirmos que há um grande potencial de incêndio. Caso este quadro ocorra em local de encosta, o alarme deve ser intensificado, pois o incêndio poderá atingir grandes extensões, já que topografia local influencia na forma e velocidade de propagação do fogo”, explica o pesquisador.
Antes de iniciar o projeto, os pesquisadores da COPPE/UFRJ desenvolveram um estudo prévio para determinar os locais de instalação das plataformas de coleta e mapear a região, que foi dividida em ecossistemas, de acordo com os seguintes fatores: regime de chuvas, insolação, circulação atmosférica (brisa), distribuição da vegetação e topografia da região. “A brisa, que é úmida próxima a costa, torna-se seca do outro lado da montanha. A vegetação na região do Horto é bem conservada mas próxima ao Sumaré é bastante devastada. Caso não conhecêssemos bem a região, poderíamos não levar em conta essas informações. Foi trabalhoso mas valeu a pena porque pudemos desenvolver um sistema preciso”, destaca Gutemberg.
- Publicado em - 05/02/2003