/Vice-diretor da Coppe é o primeiro brasileiro a integrar organização internacional que promove uso de bambu para construções sustentáveis
O vice-diretor da Coppe/UFRJ, professor Romildo Toledo, é o primeiro cientista brasileiro eleito membro da International Bamboo and Rattan Organisation (Inbar), uma organização internacional, sediada na China, e composta por 43 países-membros. Romildo vai fazer parte do grupo de 14 especialistas da Inbar Construction Task force que desenvolve pesquisas voltadas para o uso de materiais sustentáveis na construção civil, entre eles o bambu e o vime. O objetivo é reduzir o impacto ambiental no setor, considerado um dos vilões na emissão de gases do efeito estufa, principalmente pelo uso do cimento.
A Task force da Inbar busca aprimorar as regulamentações internacionais para o uso destas fibras vegetais na construção civil, disseminar conhecimento, conscientizar a sociedade em relação às vantagens do uso de bambu e vime para o desenvolvimento sustentável e geração de emprego e renda em comunidades pobres.
Segundo Romildo, o bambu, embora leve, tem alta resistência mecânica, tornando seu uso adequado para a construção civil. Além disso, pode reduzir o impacto ambiental ocasionado pelo setor. “A gente quer aumentar a eficiência energética das construções. As florestas de bambu são um sumidouro de CO2, desde que você use o material com longevidade e durabilidade. Podemos fomentar novas indústrias, contribuindo para a geração de emprego e renda nas regiões mais pobres. Esses materiais biológicos, recursos florestais, podem gerar uma economia verde, resultando em grande impacto social”, avalia o professor da Coppe, ressaltando que o Acre tem a maior reserva nativa de bambu do planeta.
A indústria do cimento responde por 5% a 7% das emissões mundiais de CO2, consequência de uma produção global de cinco bilhões de toneladas de cimento por ano. A China lidera a produção mundial de cimento com uma participação de cerca de 50%. Em 2014, a produção chinesa foi de 2,4 bilhões de toneladas/ano, e a brasileira de 72 milhões de toneladas/ano. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimativa que a produção brasileira em 2040 seja de cerca de 137 milhões de toneladas.
Laboratório inova com uso de materiais vegetais na construção
O professor Romildo coordena o Núcleo de Materiais e Tecnologias Sustentáveis (Numats) da Coppe, no qual são desenvolvidas diversas linhas de pesquisa voltadas para a utilização de materiais vegetais na construção civil. “O bambu é uma planta muito versátil, pois pode ser utilizada para diversas finalidades, como a alimentação, a geração de energia, e como material de construção. Ele cresce muito rápido e tem um ciclo de vida muito curto: algumas espécies crescem centímetros por dia. Além de seqüestrar o gás carbônico, protege a terra contra erosão, e atinge a maturidade de suas propriedades mecânicas, úteis à Engenharia, do sexto ao oitavo ano”, explica.
No Numats são desenvolvidas linhas de pesquisa sobre durabilidade, comportamento mecânico e análise do ciclo de vida do bambu, sua laminação e uso de fragmentos vegetais como elemento de reforço, e em painéis de fechamento. Além de professores e pesquisadores, o laboratório, de 1800 m², reúne alunos da graduação e da pós-graduação.
No momento, dois alunos de doutorado da Coppe estudam como aumentar a durabilidade dos materiais feitos à base de bambu. “A planta é suscetível a variações de umidade e temperatura e à ação de insetos, fungos. É preciso ter atenção à questão da durabilidade, identificando os agentes do ataque biológico e sabendo evita-lo. O comportamento termohídrico precisa ser investigado”, afirma Romildo.
Confira em Tecnologias Coppe outras pesquisas coordenadas pelo professor Romildo Toledo voltadas para construções sustentáveis.
- Publicado em - 16/04/2018