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/André Lucena: da medicina à economia e ao meio ambiente
Carioca, nascido em Laranjeiras, em 1980, André Lucena queria ser médico, como o avô e o tio. Mas, ao ingressar na Becket School, localizada em Nottingham (Reino Unido), foi atraído por temas da sociologia e da economia surgidos durante algumas aulas. Mudou de ideia e optou pelo curso de Economia, que cursou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde ingressou aos 19 anos, em 1999.
André tinha 15 anos quando se mudou para Nottingham com a mãe, então professora de Letras da UFRJ, Leticia Frossard, e seu irmão, Eduardo, de 18 anos. Na época, Letícia cursou o doutorado na Universidade de Nottingham, motivo pelo qual a família residiu dois anos e meio na Inglaterra.
Ao se formar em Economia,em 2002, André optou pela carreira acadêmica. “Não me interessei pelo mercado financeiro. Queria fazer algo melhor com o conhecimento, trabalhar em projetos que pudessem gerar benefícios para a sociedade, e não apenas multiplicar dinheiro para quem já tem demais”, afirmou.
No mesmo ano, portanto, ingressou no mestrado e, em seguida, iniciou o doutorado, ambos no Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, sob a orientação dos professores Roberto Schaeffer e Alexandre Szklo. Durante o doutorado, passou um ano no Lawrence Berkeley National Laboratory, na Universidade da Califórnia, EUA.
“Pretendia, no doutorado, aprofundar os temas da minha dissertação de mestrado, que foi desenvolvimento socioeconômico, uso de energia e emissão de carbono. Mas, em 2007, trabalhei em um estudo sobre o impacto das mudanças climáticas no sistema energético brasileiro, que acabou se tornando o tema da minha tese”, relembra Lucena, que concluiu o doutorado na Coppe em março de 2010.
Em 2011, a opção pela carreira acadêmica se concretizou. Aos 31 anos de idade, André Lucena ingressou na Coppe como professor adjunto, vencendo um disputado concurso.
Ao longo desses três anos, como professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe, já orientou 6 dissertações de mestrado e é autor de 13 artigos publicados em periódicos, 8 capítulos de livros e 12 trabalhos publicados em anais de congresso. Em 2012, foi convidado a participar como autor colaborador do Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC/ONU). Também em 2012 tornou-se um Fulbright fellow, por meio do Fulbright Regional Network for Applied Research, no tema energia sustentável.
O ritmo intenso das atividades acadêmicas tem privado o jovem professor de suas atividades de fins de semana de outrora: a escalada e a capoeira. Essa dedicação intensa será reconhecida no próximo dia 27 de novembro. André Lucena estará entre os mais jovens docentes da instituição a receber o Prêmio Coppe Giulio Massarani – Mérito Acadêmico 2014. A premiação é concedida a professores que se destacam pela produção acadêmica e trajetória profissional. O reconhecimento profissional coincide com momento de grande realização pessoal na vida de Lucena, que acaba de se mudar para um novo apartamento com sua companheira.
Soluções para o ambiente na pauta do dia a dia
A questão ambiental é objeto permanente nos estudos realizados por Lucena. Em 2012, o professor orientou uma equipe multidisciplinar, composta de quatro alunas de mestrado e doutorado, da Coppe, e de graduação, da Escola Politécnica da UFRJ, no desenvolvimento de um estudo que propôs opções sustentáveis para a redução de gastos com energia elétrica aos moradores da comunidade Santa Marta, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O trabalho, que incluiu o uso associado de soluções alternativas, como coletores solares para aquecimento da água do banho, reservatórios de água, biodigestores, entre outros, foi apresentado, pela primeira vez, na programação paralela da Rio+20, realizada no mesmo ano, no Rio de Janeiro.
Atualmente, trabalha com dois ex-professores pelos quais tem grande admiração: Alexandre Szklo e Roberto Schaeffer. Ambos já receberam o Prêmio Mérito Acadêmico da Coppe, em 2010 e 2011, respectivamente. “Eu não poderia ter melhores exemplos profissionais: são professores brilhantes, inovadores. Minha carreira tem forte influência dos dois”, afirmou.
O mais recente trabalho realizado pelos três professores servirá de apoio técnico às negociações brasileiras na Conferência do Clima, em 2015, em Paris. Encomendado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o estudo intitulado Opções de mitigação de emissões de gases de efeito estufa em setores-chave no Brasil tem como objetivo auxiliar tecnicamente o governo brasileiro nas negociações.
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Publicado em - 19/11/2014