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/Basílio Pereira: Uma vida dedicada ao ensino

Carioca, morador do Leblon, Basílio de Bragança Pereira era um dos melhores alunos de matemática de sua turma na Escola Nacional de Ciência Estatística (ENCE), onde concluiu o científico, em 1961, e também a graduação, em 1968. Embora sua matéria preferida fosse História, o talento para a Matemática acabou levando-o a optar pela estatística. “Na época, Engenharia e Medicina eram as carreiras mais cobiçadas. Eu segui Estatística, pois era a que me parecia mais viável no momento e não me arrependi”, afirmou o professor, que em 4 de dezembro de 2017 receberá o título de professor Emérito da UFRJ, o mais importante concedido pela universidade a um docente.

Ingressou na Coppe/UFRJ como professor, em 1970, onde conclui no mesmo ano o mestrado no Programa de Engenharia de Produção. Dois anos depois, iniciou o doutorado no Imperial College of Science and Technology da University of London, obtendo, em 1976, o DIC (grau equivalente ao mestrado) e o título de doutor em Estatística.  

Empolga-se ao falar de sua área, segundo ele mal compreendida pelo público, que costuma associá-la a um trabalho de coleta e armazenamento de dados. “Os métodos estatísticos têm um papel muito mais importante na ciência e tecnologia. Na realidade, a estatística é a metodologia da ciência, o processo de verificação das hipóteses formuladas pelos cientistas em suas teorias”, explica o professor, que tem orgulho de ser o único brasileiro aluno de Sir David Cox, seu orientador no doutorado, considerado o maior estatístico vivo. Em 1996, Basílio passou 40 dias em Oxford, na Inglaterra, desenvolvendo uma pesquisa com seu mestre.

Mas ao falar sobre sua trajetória, cita como uma de suas referências seu professor do curso secundário, Arthur Weiss, que também lecionava na UFRJ e no Itamaraty. “Ele ensinava em suas aulas a responsabilidade que todo profissional tem em mudar e aperfeiçoar a sociedade”, lembra Basílio.

Nos 49 anos dedicados à Universidade, Basílio lecionou na Coppe/UFRJ, na Escola Politécnica, no Instituto de Matemática e atualmente na Faculdade de Medicina. Neste período já orientou 32 teses de doutorado, 49 dissertações de mestrado e supervisionou um pós-doutorado. Publicou 93 artigos em periódicos nacionais e internacionais e 34 trabalhos completos em anais de congressos. É autor e coautor de 11 livros e organizador de outros dois.

“Não quero parar nunca, já que estou apenas começando”

A paixão pelo ensino é tanta, que o professor chega a pecar pelo exagero. “Eu procuro melhorar a minha didática, mas termino dando muita coisa. Eu quero dar tudo, ensinar tudo o que puder”, diz entusiasmado. Seu ritmo de trabalho sempre foi puxado, de seis a oito horas de aula por dia, seja na Coppe, na Escola Politécnica ou na graduação e pós-graduação do Instituto de Matemática e da Faculdade de Medicina.

Mas Basílio confessa que sente a falta de tempo para cuidar da forma física. “Com o aumento em proporções geométricas no volume de trabalho, terminei abrindo mão da ginástica e da musculação”, diz o professor, cujo único hobbie a que tem conseguido se dedicar é a leitura, um de seus passatempos preferidos. Eclético, revela preferências variadas. “Li muito sobre psiquiatria e psicologia e já tive como livro de cabeceira o Manual do Psiquiatra”.

Além das aulas, sua preocupação constante é a atualização do currículo dos cursos de graduação, onde procura adaptar as disciplinas às demandas do mercado e assim formar o que chama de “um profissional moderno”. Também se mantém atento a permanente renovação dos títulos na biblioteca. “O Instituto de Matemática da UFRJ tem a disposição dos alunos um dos acervos mais completos na área de estatística”, afirma orgulhoso.

Com tantas atividades ainda consegue tempo para dedicar-se a consultorias para grandes empresas, como: Estaleiro Mauá, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES, Petrobras, Eletrobrás entre outras.

“Eu torci para passar a aposentadoria compulsória para 75 anos. Não quero parar nunca, já que estou apenas começando”, brincava Basílio, em 1997, quando concedeu esta entrevista. Tinha acabado de ser aprovado em novo concurso público para professor titular no Departamento de Bioestatística na Faculdade de Medicina da UFRJ.

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sexta-feira, Dezembro 1, 2017
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  • Publicado em - 08/06/2005

  • Atualizado em - 01/12/2017