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/Glaydston Ribeiro: vocação para a integração dos saberes

Nascido em 1976, em Vitória (ES), o professor do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Glaydston Mattos Ribeiro, concluiu toda a sua formação em instituições públicas. Cursou o primeiro grau na Escola Municipal Arthur da Costa e Silva e o segundo grau na Escola Técnica Federal do Espírito Santo, onde estudou Edificações. Dois aspectos o levaram a escolher esse tema: “adolescentes de família humilde tinham como única opção se dedicar ao estudo, de preferência na área técnica, o que aumentava a possibilidade de conseguir um emprego. Além disso, naquela época tínhamos a esperança e possibilidade de trabalhar na Companhia Vale do Rio Doce”, explicou.

A madrasta, Maria das Graças Guerine, foi quem mais o incentivou a investir nos estudos. Seu pai, Francisco Gláucio, se casou com ela após se separar de sua mãe, Marly Mattos, quando ele tinha cinco anos de idade. Maria das Graças o motivou a frequentar aulas de reforço para se preparar para o concurso da escola técnica enquanto cursava o último ano do ginásio. “Eu a considero como mãe. Meu pai também foi incrível: saiu de Fortaleza para arriscar a vida no Espírito Santo, onde começou a trabalhar como mensageiro (boy) e batalhou até se tornar gerente corporativo financeiro. Ele foi uma inspiração para mim”, ressaltou Glaydston, que acabou optando pela Engenharia Civil, profissão do ‘tio emprestado’, Pedro de Aquino, que um dia lhe disse: “não importa o que for fazer, faça bem feito”. Seguiu a recomendação à risca.

Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), no ano 2000, Glaydston é Mestre em Engenharia de Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia (2002), Doutor em Computação Aplicada pelo INPE (2007) e fez pós-doutorado na École des Hautes Études Commerciales (2010 - 2011), na Universidade de Montréal, no Canadá.

Vocação e determinação

A opção pela formação multidisciplinar começou ainda na graduação, por meio da professora Maria Inês Faé, que ministrava aulas de Engenharia Civil, com ênfase em transportes. Glaydston fez iniciação científica na área e trabalhou em projetos, sob sua orientação, de 1997 a 1999. “A Maria Inês me mostrou os caminhos, deu todas as coordenadas e diretrizes e me estimulou a fazer o mestrado. Foi uma professora excepcional”, reconhece o ex-aluno, acrescentando que foi ela que o apresentou a coordenadora do curso de Engenharia de Transportes do IME, quando esta visitou a UFES.

Glaydston chegou a pensar em largar o curso de Engenharia Civil, no último ano, para fazer Ciência da Computação. A área despertou seu interesse durante as aulas em laboratório. Mas Maria Inês o desaconselhou alegando que ele tinha grande habilidade para integrar saberes, como Engenharia Civil e Computação, o que era raro na UFES. O aluno disciplinado aceitou o conselho: concluiu o curso de Engenharia Civil e ingressou no mestrado no IME, aliando Transportes e Computação.

Em 2003, iniciou o doutorado em Computação Aplicada e passou três meses na Universidade de Lisboa. Antes disso, chegou a trabalhar em uma empresa do grupo Vale do Rio Doce por apenas seis meses. Já tinha escolhido seguir a carreira acadêmica, cujo interesse foi despertado no final do mestrado, quando passou a dar aulas na Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz (ES) lecionando disciplinas de Ciência da Computação para os alunos de Engenharia Mecânica e Engenharia Química.

Trajetória acadêmica turbinada

A carreira de docente começou mesmo em 2006, como professor do curso de Engenharia de Produção da UFES, no campus de São Mateus. Glaydston ajudou a implantar o Programa de Pós-Graduação em Energia, o primeiro programa da área de engenharia do campus de São Mateus, cujo mestrado começou em 2011. No mesmo ano, atuou como subchefe do Departamento de Engenharias e Computação da universidade e, paralelamente, cursou o pós-doutorado na École des Hautes Études Commerciales. “A experiência foi excelente. Lá trabalhei com o professor Gilbert Laporte, um grande especialista em pesquisa operacional aplicada na área de transportes”, ressaltou.

Em 2012, ao participar de uma banca no Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe, Glaydston foi convidado pelo professor Carlos Nassi para integrar a equipe de docentes do programa. “Pensei em tudo o que fiz na UFES, mas as oportunidades de realizar novas pesquisas na Coppe acabaram com o impasse”, confessou o professor, que em 2013 ingressou como docente do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe. A escolha parece ter sido acertada. Em menos de três anos, Glaydston é agraciado com a mais importante premiação concedida pela instituição: o Prêmio Coppe Mérito Acadêmico Giulio Massarani 2016, na categoria docente jovem.

Pesquisador Nível 2 do CNPq, Glaydston orientou até o momento 13 dissertações de mestrado, duas teses de doutorado e supervisionou dois pesquisadores de pós-doutorado. Publicou 45 artigos em periódicos nacionais e internacionais, 71 trabalhos em anais de congresso, e é co-autor do livro “Planejamento urbano: enfoque operacional”, lançado em 2007. No momento realiza estudos e projetos para o Ministério dos Transportes e o DNIT. Integra comitês técnicos do CNPq e da Capes, além de participar de missões técnicas em países como Argentina, Portugal, Itália, Estados Unidos e Canadá.

Da sala de aula aos treinos em São Januário

Bem humorado, Glaydston tem o hábito de brincar com os alunos. Nas várias mudanças que fez até hoje, de estado e de país, teve o apoio incondicional da esposa, a mineira Graziela Pacheco Rezende, que conheceu em Vitória, durante a graduação, e com quem tem dois filhos: Otávio, 8 anos, e Augusto, 4 anos.

Glaydston confessa que os primeiros seis meses na Coppe foram muito difíceis. Além de passar a viver com esposa e filhos pequenos em uma cidade onde não têm parentes, perdia toda semana três horas dentro de um avião e mais nove horas de carro no percurso entre Rio de Janeiro, Vitória e São Mateus para cumprir o acordo feito com a UFES de continuar lecionando por mais dois anos na universidade.

“Mas valeu a pena. Na Coppe me sinto muito motivado”, conclui o professor que dedica praticamente todos os seus momentos de lazer à família: seja cinema, teatro, ou futebol. Vascaíno, frequenta o estádio de São Januário, onde assiste com a família jogos e treinos. Não os treinos do time principal, mas os da categoria de base, que tem entre os jogadores seu filho mais velho, Otávio, cuja habilidade com a bola não empolga muito o pai. “Ele é bom mesmo em matemática”, orgulha-se o professor.

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  • Publicado em - 01/11/2016