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/Jayme Szwarcfiter: Paixão pelo ensino e matemática

Carioca, do Rio Comprido, Jayme Luiz Szwarcfiter começou sua trajetória acadêmica em 1963, como aluno de Engenharia Eletrônica da UFRJ. O talento para a academia revelou-se desde cedo: no primeiro ano já ministrava aulas de matemática para candidatas ao Instituto de Educação e, no ano seguinte, passou a dar aulas de física nos cursos de vestibular organizados pelo diretório acadêmico da Escola de Engenharia. Essas experiências, segundo Jayme, despertaram nele uma dupla paixão que dura até hoje: o ensino e a matemática.

Filho do artesão de joias e lapidador de diamantes, Izrael Szwarcfiter, e de Ita Szwarcfiter, ambos nascidos na Polônia, Jayme Szwarcfiter ingressou na Coppe, em 1970, no Departamento de Cálculo Científico, onde operava um computador de pequeno porte em uma sala com cerca de 40 metros quadrados, no bloco F do Centro de Tecnologia. Também ministrava aulas a professores da Coppe, orientando-os para dominar a linguagem de programação do equipamento.

Em 1971, concluiu o mestrado no Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe, sob a orientação do professor Denis França Leite. O tema de sua dissertação foi a informatização da biblioteca da Coppe, atual biblioteca do Centro de Tecnologia da UFRJ, uma das primeiras no país a ser informatizada. O Departamento de Cálculo Científico deu origem ao atual Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da UFRJ.

Como professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe, Jayme já orientou 32 teses de doutorado e 22 dissertações de mestrado, a primeira destas defendida ainda em 1972. É autor do livro Grafos e algoritmos computacionais, lançado em 1984, e coautor da obra Estruturas de dados e seus algoritmos, publicado em 1994. Além disso, participou da organização de outros sete livros. Publicou 103 artigos completos em periódicos nacionais e internacionais e tem 71 trabalhos completos publicados em anais de congressos no Brasil e no exterior. Foi membro do Comitê Assessor de Ciência da Computação do CNPq, durante cinco períodos, totalizando cerca de 12 anos.

Doutor em Ciência da Computação pela Newcastle University (Inglaterra), em 1975, é pós-doutor pela University of California Berkeley (EUA), em 1980; pela University of Cambridge (Inglaterra), em 1985; e pela Université Paris-Sud (França), em 1994. Também foi pesquisador visitante de universidades sediadas na França, Itália, Polônia, Argentina, Israel, República Tcheca, entre outras.

Em 2002, tornou-se professor emérito da UFRJ. Três anos depois, foi contemplado com o Prêmio do Mérito Científico pela Sociedade Brasileira de Computação. Já em 2006, foi agraciado com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Comendador (com admissão em 2007), em função de suas contribuições prestadas à ciência e tecnologia, e recebeu o Prêmio de Destaque Científico, concedido pelo Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da UFRJ. Ainda em 2006, o professor recebeu do CNPq o prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia 2000, na área de Computação, que acabara de ser relançado, sendo considerado um dos mais importantes no reconhecimento acadêmico no Brasil. Em 2011, tomou posse como membro titular da Academia Brasileira de Ciências, após ser eleito em 2010 e, em 2012, foi agraciado com o Prêmio Coppe Giulio Massarani – Mérito Acadêmico 2011.

A paixão pela matemática e pelo montanhismo

A linha de pesquisa na qual atua, algoritmos e combinatória, reflete sua paixão pela matemática. Escolheu a engenharia quando ouviu que era uma boa opção para quem gostava de matemática. “Na época só três carreiras eram valorizadas: a engenharia, a medicina e o direito”, explica o professor.

Apesar do longo tempo que dedica à informática e aos números, o professor possui hábitos que em muito se distanciam do sedentarismo, estereótipo que acompanha os aficionados pelo computador. Praticante de montanhismo, já percorreu o caminho Inca (nos Andes), o Pico da Bandeira e, entre tantas outras caminhadas, tentou o chegar ao acampamento-base do Monte Everest, chegando a completar 4.500 metros dos 5.500 metros de altitude, onde se localiza o acampamento.

Jayme cultiva hábitos saudáveis que se expressam numa aparência jovial que ostenta aos 70 anos de vida. Pratica longas caminhadas e, uma vez por ano, visita parques brasileiros como os Lençóis Maranhenses e o Jalapão, em Tocantins. “Somente o Brasil possui locais assim, onde se pode apreciar de fato a natureza. Há programas turísticos guiados, mas sempre vou por conta própria, sem guias, para que eu e aquele que estiver comigo possamos decidir o melhor ponto e tempo de convívio com a natureza”, explica Jayme, que se casou três vezes e tem três filhos.

O gosto pela natureza também se revela na escolha feita para os dias de lazer: uma propriedade sem luz elétrica, sem vizinhos, em uma cidade sem nome, próxima a Visconde de Mauá, no Estado do Rio. Lá se distancia do estresse urbano e costuma percorrer trilhas em direção às cachoeiras da região na companhia da esposa Cristina Szwarcfiter, com quem se casou em 2001, e da filha do casal, Ana, de 16 anos. É também onde recebe constantemente a visita dos seis netos e dos dois filhos de seu primeiro casamento, com Regina Szwarcfiter: o engenheiro químico Cláudio, 43 anos, e a economista Lila, 41 anos, doutora pelo Programa de Planejamento Energético da Coppe.

Além da natureza e da família, o professor não dispensa a companhia de seus algoritmos quando está na propriedade. Seja sob a luz natural ou com o auxílio de um lampião, ele escreve artigos com lápis, papel e borracha. O “escritório” sem lâmpadas fluorescentes nem computadores é onde produz a maior parte de seus textos. Tendo em vista sua consistente e premiada trajetória acadêmica, não resta dúvida quanto à eficácia do método.

  • Publicado em - 19/09/2012