/Perfil
/Márcia Dezotti: dedicação ao trabalho e à família
Márcia Walquíria de Carvalho Dezotti já possuía o sonho de se tornar pesquisadora muito antes de estar perto dele. Boa aluna desde sempre, suas características marcantes são a dedicação e o empenho com os quais ela leva e define ambos os aspectos de sua vida: profissional e familiar.
Desde os 10 anos de idade, Márcia Dezotti já se encantava com a ideia do doutorado. Nessa época, a irmã, que algumas vezes a levou para conhecer a Universidade Federal de São Carlos, só ajudou a fortalecer uma vontade que, na verdade, já era um caminho definido. Na escola, ela se destacava na matéria de química e também nas ciências básicas. Por afinidade, escolheu a área da química para seguir carreira quando prestou vestibular para a Unicamp, onde se graduou e concluiu o mestrado e o doutorado. Sua família havia mudado da pequena cidade de Araras, onde nascera, para Pirassununga, e posteriormente ela passou a morar em uma república na cidade de Campinas.
Depois de formada, trabalhou, por dois anos, como professora da Universidade Federal de Goiás até vir para a Coppe fazer o seu pós-doutorado, em 1995. “Num primeiro momento, eu não conhecia direito o que era a grandiosidade da Coppe, por falta de informação. Naquele tempo a internet não estava nem perto de ser o que é hoje, e a informação não era tão fácil. Depois que eu entrei na Coppe, senti importância do lugar onde eu estava”, conta a professora. Sua dedicação e experiência em uma área ainda pouco explorada da química (efluentes líquidos) resultaram em um convite para continuar na instituição, como pesquisadora e professora, após concluir o pós-doutorado em 1996.
Márcia afirma que “entrar para a Coppe foi motivo de orgulho muito grande. Não poderia ter honra maior”, ressalta a professora, que atualmente é coordenadora do Laboratório de Controle de Poluição das Águas.
Atualmente, entre outros trabalhos de pesquisa, a professora analisa a poluição das águas dos rios que abastecem a cidade do Rio de Janeiro, o Guandu e o Paraíba do Sul, e pesquisa novos meios para remover substâncias químicas presentes em baixíssimas concentrações com maior eficiência. Boa parte do problema é causada pela falta de cuidado com o despejo do esgoto, que se dá irregularmente em rios e córregos. Esses efluentes contêm substâncias descartadas pelas pessoas, como produtos de limpeza, fármacos e hormônios, que são parcialmente removidos pelos processos de tratamento e, consequentemente, descartados com o esgoto domiciliar.
Mestre e doutora em Química pela Unicamp, com pós-doutorado pela North Carolina State University, Estados Unidos, Márcia Dezotti orientou 30 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, já publicou um livro, 49 artigos e mais de 100 trabalhos científicos. Dentre nove títulos e prêmios internacionais, destacam-se o prêmio internacional First Place Winner Poster Competition WEF/IWA Biofilm Reactor Technology Conference, Water Environment Federation and International Water Association, em 2010, e Cientista do Nosso Estado – 2006 e 2009 – pela Faperj. Além disso, possui 455 citações no Scopus.
Dedicação na vida profissional e familiar
O mesmo empenho marcante nos aspectos profissionais da vida da professora Márcia Dezotti se repete na vida familiar. Para ela, realizar-se profissionalmente por meio do sacrifício da vida em família é inaceitável. “Não acho admissível que haja sucesso profissional que não seja acompanhado por um sucesso na vida familiar”, conta a mãe de Pedro, Vitor e Jasmin. Muito caseira, adora cozinhar. Seu principal lazer envolve atividades em família. “Toda sexta à noite, saímos com toda a família e vamos comer em um restaurante. Sábado de manhã compramos as coisas que faremos no almoço e, de tarde, eu e meu marido acompanhamos nossa filha Jasmin à catequese, como é tradição em Niterói. No domingo, relaxo e já começo a pensar e preparar o que vou fazer na segunda-feira”, relata.
Seus dois filhos mais velhos, Pedro e Vitor, cursam, respectivamente, engenharia e medicina. Jasmin, a filha caçula, ainda está no colégio. Márcia é casada com um engenheiro químico e até nisso parece que há uma mistura entre a vida pessoal e a vida profissional. Muito dedicada e sempre comprometida, Márcia é muito ligada ao trabalho e à família. Mesmo morando em Niterói, essa paulista da cidade de Araras ainda volta ao interior de São Paulo para reencontrar seus parentes. Apesar da saudade, ela diz que encontrou o seu lugar no Rio de Janeiro: “Quando me mudei para cá, achei tudo muito estranho, não me sentia à vontade. Depois, me acostumei e me apeguei ao lugar. Hoje, se alguém fala mal da cidade, eu a defendo”.
Além do trabalho e da família, outra parte importante para a professora é a sua relação com os alunos. Exigente, explica que cobra empenho, mas que está sempre por perto e disposta a ajudar. Para ela, a qualidade de esforço e o desenvolvimento do estudante são mais importantes do que o resultado final. “O mais importante é a boa formação dos meus alunos. Ver o trabalho e o esforço se realizando é gratificante, é muito bom”, conclui.
-
Publicado em - 04/11/2010