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/Paulo Sérgio Diniz: a opção pelos livros que abrem as portas para o mundo

Paulo Sérgio Ramirez Diniz é doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Concordia - Canadá. Professor da COPPE desde 1984, já orientou 37 dissertações de Mestrado e teses de Doutorado e publicou 220 artigos em periódicos e em congressos nacionais e estrangeiros. Sua trajetória acadêmica já resultou em algumas premiações e homenagens. Membro Fellow do IEEE (Institute of Eletrical and Eletronic Engineers), desde 2000, recebeu o Prêmio COPPE de Mérito Acadêmico, junto com seu colega Giulio Massarani, no ano 2000.

Nascido em Niterói, no bairro de Riodades, Fonseca, cursou o primeiro e segundo graus em escola pública. Como vários colegas da COPPE, foi aluno do famoso colégio Liceu Nilo Peçanha, à época considerada uma das melhores instituições de ensino do estado do Rio, na qual ingressou por meio de concurso. Segundo o próprio Diniz, foi mais difícil passar para o Liceu do que no vestibular. Filho de Hirlene Ramirez Diniz, professora primária e secundária, e Paulo José Diniz, técnico em eletrônica que, apesar de não ter concluído faculdade e ter feito todos os cursos técnicos por correspondência, foi um dos pioneiros na implantação da TV no Brasil nos anos 50 e 60. Quando criança Diniz costumava acompanhar seu pai ao trabalho, tendo visitado por várias vezes as primeiras emissoras, como a TV Rio, Tupi, Excelsior e Itapuã, na Bahia. Mas segundo ele mesmo, o período de visitas durou pouco porque costumava dar muito trabalho. Por duas vezes tirou emissoras do ar. Divertindo-se, rememorou o dia em que a TV Itapuã saiu repentinamente do ar durante a transmissão do carnaval de Salvador. Lembra-se das pessoas correndo de um lado para o outro, até encontrá-lo trancado dentro de um transmissor. Por essas e outras, sua fama de levado e brigão fez com que ganhasse na infância o apelido de Tenório Cavalcanti. A fama foi tanta que até os seis anos de idade estava convicto de este era mesmo o seu nome.

Bom aluno, Diniz morava em um bairro pobre e desde cedo soube que garantir o estudo era sua chance para conquistar uma vida melhor. Tinha facilidade para matemática, mas nem por isso voltou-se somente para os números. Além dos gibis, como cavaleiro negro e fantasma, também gostava de ler livros sobre geografia e história. Como disse uma vez a sua mãe, queria abrir as portas do mundo. E assim o fez. Aos 17 anos prestou vestibular para engenharia e formou-se em engenharia eletrônica pela Escola de Engenharia da UFRJ. Acabou optando pela mesma área do pai que, infelizmente, não teve a oportunidade de comemorar o fato, pois morreu antes de vê-lo ingressar na faculdade. Do temperamento forte ao gosto pela eletrônica, as afinidades entre pai e filho, segundo o próprio Diniz, foram se revelando com o tempo. Quando optou por engenharia, não pensava em fazer eletrônica. Mas ao conhecer as áreas, preferiu optar pelo que achou que seria mais desafiador. Contou com o apoio da mãe até concluir seu mestrado.

Diniz ingressou cedo na carreira acadêmica. Aos 23 anos, por meio de um concurso interno, tornou – se professor da Escola de Engenharia da UFRJ. Começou a lecionar na universidade antes mesmo de defender sua dissertação de Mestrado no Programa de Engenharia Elétrica da COPPE, tendo como orientador o professor Luiz Caloba. Diniz se identificou com o universo da pesquisa e cedo os resultados de seu trabalho começariam a aparecer. Sua dissertação de Mestrado sobre circuitos analógicos para uma faixa de freqüência estendida, viabilizou o uso de aparelhos de rádio no meio rural brasileiro, possibilitando o contacto telefônico nas fazendas. O engenheiro Luiz Wagner, que mais tarde tornou-se aluno de mestrado e doutorado de Diniz, baseou-se nas conclusões da dissertação do futuro mestre para desenvolver solução para os aparelhos de rádio que eram produzidos em outros países e não funcionavam em locais de alta temperatura. A aplicação da técnica do professor da COPPE viabilizou a adaptação dos aparelhos ao clima do Brasil.

Os frutos da experiência internacional

Aos 25 anos, Diniz resolveu fazer o Doutorado no Canadá. Casou –se na véspera, dois dias antes de embarcar, com a psicóloga Mariza Santos Diniz, mãe de suas duas filhas: Paula e Luiza. Na Universidade de Concórdia, em Montreal, cursou seu doutorado, tendo como orientador o professor Andreas Antoniou, um dos maiores especialistas do mundo em processamento de sinais. Concluiu o doutorado em 1984, no período de dois anos e quatro meses. Mas sua tese, intitulada “New Improved Strutures for Recursive Digital Filters”, não podia ser defendida antes de completar três anos de curso. Diniz , então, depositou – a na universidade e resolveu viajar pela Europa com a mulher e a filha Paula, que nasceu no Canadá e na época tinha menos de um ano.

A boa relação que manteve com o orientador canadense tornou-os parceiros. Diniz, que retornou ao Brasil do Doutorado em 1984, foi convidado por Antoniou para voltar ao Canadá, em 1991, onde passou um ano e meio ajudando seu ex-orientador a montar o laboratório de sinais da Universidade de Victoria.

A atuação internacional rendeu frutos ao pesquisador brasileiro que desde 1988 possui uma forte interação com a Universidade Tecnológica de Helsinque, na Finlândia. Diniz integra grupos de pesquisa que desenvolvem trabalhos sobre processamento de sinais para projetos de parceria com grandes empresas da área de telefonia, como a Nokia. No laboratório de Processamento de Sinais (LPS) que coordena na COPPE, Diniz integra em sua equipe alunos e pesquisadores na condução dos projetos.

Seguindo o passo do mestre, alguns ex - alunos do professor da COPPE também resolveram cursar o doutorado no Canadá , seja sob a orientação de Antoniou ou de professores que fazem parte de seu grupo na mesma universidade. “Hoje, minha vida é abrir portas para os meus alunos. Ajudá-los a ter oportunidade de crescer. O sucesso deles é a maior alegria que tenho na vida profissional”, afirma orgulhoso o professor.

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  • Publicado em - 19/04/2006